Para Esquecer
Como em um sonho, me vejo, sentada na neve fofa, encostada em um tronco grosso do esqueleto de uma árvore gigantesca; névoa fria a minha volta, estou vestida com uma capa de sarja verde musgo e coberta por uma manta grossa que lembra a pele de um animal, feita de um tecido sintético fofo. Tenho um livro aberto e um lobo manso adormecido ao meu lado. Aos poucos a visão de mim mesma se confunde com a forma física e duas coisas viram uma só. Tento focar no que estou lendo, existem letras, que formam palavras, que formam frases, mas eu não faço a menor ideia do que está escrito, me sinto confusa, mas meu corpo sabe o que está fazendo ali. O livro é grosso, de uma encadernação impecável, porém gasta. Faço notas com um pedaço de grafite nos espaços em branco, sublinho, pondero. Sobre o que pondero? O que escrevo? Sinto frio. Fecho o livro por um instante, coloco ao lado em cima de um pano para não molhar, abraço meus joelhos e os aperto contra meu peito. Tento me esquentar. É gostosa a