As ideias me fogem à palavra
Ainda ontem, ou qualquer dia desses que se precedeu, estive a recordar um tempo em que viajava. Para se deslocar a um outro continente, é necessário tomar um avião. Como me estressa a ideia de viajar de avião. Toda vez que entrava em um me ocorria ser ali, naquele lugar, o lugar de meu sepultamento iminente. Pudesse, iria de carro de São Paulo à Barcelona. Até mesmo de cavalo. Mas avião é mais viável quando não se pode esperar. Conheço quem possa. Esperar. Essa gente, por vezes vai de barco. Luxuosos navios cujo entretenimento nunca acaba. Mas eu não sou dos que podem esperar. Ultimamente, nem dos que podem viajar. Fato está, de que quando piso em uma aeronave, sinto cheiro do último suspiro. E era justamente sobre isso que estava a pensar qualquer dia desses. Como conciliar dois sentimentos mutuamente? O deleite de viajar, de conhecer novos lugares, novos caminhos, novas formas de ser e estar no mundo e o medo irreparável de que a morte no trajeto me impediria de tal transgressão.