Que dia é hoje?
Escuto a voz da minha mãe me chamando, lá dentro da cozinha, sempre impaciente. Meus irmãos tramando trapaças a suas costas e ela fingindo não ver, por que cansa, coitada, tenho pena, já não basta os pirralhos agora eu me recusando a ter o destino parecido com o dela e de todas outras mulheres de nossa família. Não quero. Não vou. Nem mesmo com você eu o faria. Menos ainda com o estranho do teu irmão. Eu não entendo por que nossas mães, visivelmente infelizes desejam igual infortuna para nós? Talvez não desejam, mas são vencidas por algum tipo de cansaço. É realmente exaustivo. Antigamente eu me divertia ao me esconder na copa desta árvore enquanto os adultos me chamavam para dentro de casa. Hoje faço por que preciso. Não tenho outro lugar que me faça pensar tão bem quanto aqui. Esta noite sonhei algo muito sinistro, me vi nua à margem da nascente do rio perto de casa, era noite, porém o firmamento iluminava. Antes de mergulhar me fitei atentamente no reflexo da água calma. Quan