Ataraxia
Tic-tac
Tum-ta
O tempo passa rápido. Indolor, incolor, inodoro.
O coração bate, querendo parar.
Não há uma única lâmina afiada, de corte, de língua ou de escrita; capaz de fazer sentir.
Os epicuristas escolhem não sentir. O neoliberalismo nos obriga, pelo bem ou pelo mal.
Tudo é demanda. Tudo demanda. Tempo. Vitalidade.
Tic-tac.
Tum-ta.
Dói onde? Não dói. Mas antes doía, dentro.
Tem cura?
Acho que não. Tem meios.
Meios de que?
Não sei ao certo. Mas até pra findar há de ter vontade. É para ter vontade, tem que sentir uma pulsão. De vida. De morte.
Tic-tac.
Tum-ta.
O tempo me engole, sem nem me mastigar. O coração sangra, cansando e quer parar. Doutor me vê um antídoto para essa anestesia que estava no ar?
Tal antídoto?
Creio que não há.
Então hei de ficar assim?
Tic-tac.
Tum-ta.
Claro que não, você pode se drogar!
Mas eu não gosto de viver na ilegalidade!
Ilegalidade aqui não há. Toma aqui sua receita, leve a farmácia, talvez funcione. Talvez funcionará.
By,
Alguém cuja existência será esquecida em menos de 100 anos.
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