Ma Mère
Acordei de um sono raso e inquieto, desses que parecem arrastar a mente por terrenos nebulosos, onde não se dorme de verdade, mas também não se está totalmente desperto. Era como flutuar em águas densas e escuras: metade do corpo submerso, pesado e entorpecido, enquanto a outra metade, desperta e em alerta, buscava instintivamente o ar, lutando para não ser tragada pelas profundezas. Não havia sonhos, disso tenho certeza. Talvez o meu corpo estivesse apenas antecipando uma tempestade interna, uma erupção adormecida à espera de um motivo para despertar. A sensação de que algo estava por vir me envolvia, mas nada havia a fazer. O dia já começava e eu estava presa àquela inquietação sem nome, como se fosse algo que habitava as margens do meu ser. Sentei-me na beira da cama, sentindo o frio do chão sob os pés descalços. O silêncio do quarto era quase opressor. Peguei a moringa na mesa de cabeceira, o vidro fresco ao toque, e servi-me de água, sentindo o líquido gelado descer pela garganta....