As ideias me fogem à palavra
Ainda ontem, ou talvez em algum desses dias que se mesclam na memória, me peguei recordando um tempo em que viajava, em que o mundo parecia mais vasto e as distâncias, quase infinitas. Lembro-me das vezes em que, por necessidade ou desejo, me deslocava de um continente a outro, atravessando oceanos e fusos horários. Para isso, claro, era preciso enfrentar o ritual inevitável de tomar um avião. Ah, como esse pensamento sempre me angustiou. Não eram as longas horas de espera nos aeroportos, nem a impessoalidade das filas de segurança que mais me incomodavam, mas sim a ideia de estar a milhares de metros de altura, preso em um tubo metálico flutuante, desafiando as leis da natureza. Toda vez que me aproximava da porta do avião, sentia uma leve pressão no peito, uma espécie de desconforto que começava suave e, à medida que os passos me levavam para mais perto da cabine, se intensificava. As luzes brilhantes do aeroporto, os anúncios de voos se confundindo no alto-falante, tudo se tornava u...